domingo, 4 de junho de 2017

UNIJUÍ – UNIVERSIDADE DE IJUÍ





















LINHA 29 IMIGRANTES x CABOCLOS: HISTÓRIA DO PODER IDEOLÓGICO























ADROALDO JOSÉ DALLABRIDA


DEPARTAMENTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS

DEPARTAMENTO DE ESTUDOS SOCIAIS

CURSO DE HISTÓRIA



























Estudo apresentado para a disciplina de

HISTÓRIA DO BRASIL IV

Professor: PAULO AFONSO ZARTH










            AJURICABA, DEZ/1992



































PARA:
A ENERGI
O LUCIANO
A MATHILDE
O PAULO
O BEIÇO, CEKA e ALMA,

                        Que contribuíram com sua parcela e acreditam que: O anarquismo é melhor que a ordem quando garante o progresso dos opressores e exploradores à custa da miséria e MORTE EM VIDA  da maioria.






SUMÁRIO
INTRODUÇÃO



INTRODUÇÃO

            O mundo que vivemos constantemente nos oportuniza situações as quais enfrentamos ou ignoramos. Estas nossas atitudes particulares, são fruto de uma ideologia influente na complexidade social, provocam uma reação ou não da mesma. O jogo das forças de interesses marcam a presença em nosso comportamento e como simples carta é planejado e determinado o nosso papel dentro do aspecto econômico que atinge o sistema produtivo e reflete na vida social e política.
            O imigrante foi reflexo da conjuntura e do objetivo capitalista nacional. Sua atividade, seu comportamento, atendeu a lógica de um processo histórico da sociedade capitalista a qual ocupou seu espaço ideológico e social.
O presente trabalho tem por objetivo exercitar a prática de construção de um projeto de um saber histórico. Adquirir conhecimento e experiência quanto o procedimento necessário, desde a fase de elaboração de um projeto de pesquisa até a estrutura final do trabalho produzido.
Três capítulos direcionam a organização do trabalho de monografia. I- A causas da emigração italiana para o Brasil e mais especificamente o RS, região e localidade.
Linha 29 pertence hoje ao município de Ajuricaba. Ainda neste capítulo relacionarei os aspectos positivos, o rápido progresso e ocupação da região.
O segundo capítulo é resultado a pesquisa feita com pessoas fontes, desta localidade. A preocupação maior foi buscar a verdadeira ocupação e colonização da localidade, como também caracterizar e provar causas de sua vinda por fatos ocorridos. A maneira que adquiriram e exploraram as terras, sua fertilidade, produção e desenvolvimento do comércio também foram objeto de estudo neste capítulo.
Um terceiro capítulo com o objetivo de entender a realidade local. Considerando a influência ideológica da sociedade capitalista, a discriminação social em relação aos caboclos e classes sociais, elaborei entrevista que foi respondida por (25) vinte e cinco jovens da localidade. O proposito foi identificar o grau de envolvimento com a ideologia capitalista predominante, existência de preconceito racial ou discriminação social.












I – A IMIGRAÇÃO ITALIANA NO RS

1 – Emigração Italiana
A emigração Europeia para a América aconteceu dentro de um determinado contexto social, ligado à transformação política e econômica do mundo ocidental. A expansão do capitalismo europeu com a revolução Industrial provocou mudanças. “A Itália continuava sendo um país agrário, regido por relações sociais muito atrasadas que freavam o desenvolvimento econômico e condenavam as massas populares à miséria”. [1]
Apesar de apresentar o excesso de população como fator principal, comovendo os demais países a receber a massa populacional que o sistema expulsava do mercado de trabalho, outros fatores contribuíram. Dentre alguns citamos: “ode terras, as crises agrícolas, a política fiscal, o desflorestamento e a política comercial”. [2]
É evidente os vários interesses em jogo, europeus tentando aliviar as tensões sociais caracterizadas por relações sociais atrasadas, miséria, fome, indústria dependente e trabalhadores do campo asfixiados pelos impostos e falta de tecnologia. O Brasil tentando superar a carência de mão-de-obra, fazendeiros do café necessitavam substituir escrasvos da lavoura que estavam tornando-se antiquados e causavam muitos gastos. E finalmente, os ingleses interessados em garantir a  industrial e mercado consumidor.
A Itália demonstrava-se fragmentada e envolvida constantemente nos conflitos europeus. ”Após a queda de Napoleão esta se mantivera praticamente reunificada sob o domínio francês, que fragmenta-se com o congresso de Viena (1815). Mas a Áustria graças a política Metternich, recebe as melhores porções as quais mantém sob seu domínio té o término da Segunda Guerra Mundial, pelo Tratado de Saint-Germain”. Dentre outras podemos citar: “ o sul de Tirol, Trentino, Trieste e Istria” [3] Isto justifica a origem de muitos imigrantes italianos registrados Austríacos.

2 – Política de Imigração: Brasileira e Rio-Grandense
Referencias anteriores caracterizam as revoltas proletárias, mecanização agrícola, esgotamento de terras e a sucessiva imigração de europeus para a América, um negócio vantajoso para a economia e sociedade italiana. Eliminou o perigo de revoltas sociais e estabilizou a economia.
Dentro deste contexto é indispensável observar a situação brasileira e seu imbricamento com a europa.
A partir do século XIX, mais precisamente 1780 a 1870 ocorre a expansão e consolidação do capitalismo de livre concorrência, o qual inicia na Inglaterra já no fim do século XVIII e se expande por toda a Europa.
A América, justamente neste período, 1780, inicia suas independências. O Brasil antes mesmo da independência (18822) toma medidas que permitem o fim do sistema colonial dando inicio ao livre comércio e a chamada política de Portos as Nações Amigas”. Cabe aqui, ressaltar que a nação amiga era no entanto a Inglaterra, a qual interessava-se pela matéria prima brasileira.
Apesar de já estar adequando-se aos novos modos de produzir permaneceu com o escravo por ser mercadorias, ou mercado, altamente rentável nas mãos da elite brasileira. Mas aos poucos através de diversas leis que protegiam suas riquezas, ou indenizavam seus escravos foram sendo “libertados”. Também porque representavam-se um perigo junto com brancos que estavam organizando movimentos que abalavam o poder da elite. Como também segundo Celso Furtado, “era entrave para o desenvolvimento capitalista, necessita-se de mão-de-obra livre e branca para substituir a mao-de-obra negra e escrava”. [4]
“Thomas E. Skidmore, em sua obra Preto no Branco, afirma que a ideologia da elite, da cultura brasileira apresenta-se como ideal de branqueamento que se aglutinara ao liberalismo político e econômico, já que os brasileiros natos eram considerados incapazes para outro serviço que não os pesados”. [5]
A política de terras, lei de terras de 1850, foi o ultimato a escravidão, e a ponte para a vinda dos imigrantes. Esta manifestou-se pela democratização da propriedade, ou então ajuste e difusão do modo capitalista de produção. É neste momento que o imigrante se tornará um elemento importante. Em São Paulo substituirá a mão-de-obra nos cafezais, enquanto que em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul entrará no processo de colonização, recebendo lotes de terra.
Sendo assim podemos afirmar co certeza que a imigração não foi espontânea. O governo brasileiro proporcionou, apoiando em vantagens e “em virtudes do povoamento e exploração de novas regiões por brancos não portugueses”, [6]  como também para regiões em desenvolvimento como vimos anteriormente.
O Rio Grande do Sul que só havia recebido visitantes como os bandeirantes de São Paulo, à procura de ouro, escravos e gado “em 1684 recebe os primeiros habitantes vindos da Baía de Santa Catarina, Laguna. Em 1735, açorianos para povoar e proteger as terras de invasões de espanhóis”. [7]
Os acontecimentos políticos, a pressão espanhola, “a formação da oligaraquia rural sul-riograndense com a eliminação das reduções jesuíticas” [8] conduzem a economia e sociedade rio-grandense ao início do processo imigratório. Foram trazidos “milícias-alemães destinados a pontos estratégicos de defesa de território”. [9]
As causas da imigração no rio Grande do Sul em linhas seguem o processo a nível nacional, destacando-se na ocupação das matas para a produção de alimentos aos núcleos urbanos e ainda ocupar região desprotegida. No início o meio natural não sofre grandes transformações devido as dificuldades com transportes e mercados para a produção.
“para os italianos sobrou a zona da mata já que chegaram depois dos descendentes portugueses terem ocupado os campos de cima da Serra, e alemães na depressão central. Sua vinda foi possível no momento que o governo alemão reage contra a escravidão camuflada e recebe imigrantes para o Brasil. Apresentam-se em desvantagens pelo fato de que necessitaram competir com o lemão já organizado, enfrentar a mata e adotar valores luso-brasileiros, além de receber gleba agrícola de apenas 25 ha (hectares)”. [10]

3 – Fatores Decisivos
Os imigrantes, principalmente italianos, os quais são objeto deste estudo, foram dirigidos para a região de acordo com os interesses governamentais. Construíam estradas e proporcionavam fianaciamentos e outras condições sempre que julgavam necessárias para o desenvolvimento e progresso na ótica capitalista de produção.
Para que esta região do Planalto rio-grandense iniciou-se sua integração com o resto do estado, “foi construída aos poucos a via férrea ligando Porto Alegre – Uruguaiana. A grande linha de estrada de ferro partiu de Santa Maria à Cruz Alta, em 1894, Passo Fundo em 1900, Marcelinno Ramos em 1910.Um ramal uniu Cruz Alta à Ijuí em 1917, Santo Ângelo em 1915 e Santa Rosa em 1940”. [11]
Como constatei em entrevistas feitas, é realmente nesta época que o maior fluxo de imigrantes e ou descendentes de imigrantes italianos chegaram nesta localidade, Linha 29, hoje pertencente ao município de Ajuricaba.
A importância da via férrea se confirma pelos seguintes dados; “o valor da exportação de Ijuí se mantivera estacionária até 1904. Diminuíra entre 1904 a 1910, só representava 44% da produção em 1904 e 33% em 1903, pois as carroças não eram suficientes para o escoamento da produção. Os colonos eram obrigados a vender apenas os mais compensadores. Graças a estrada de ferro em 1911, a produção em 1912 aumentou 370% e a importação 400%. O valor da exportação por habitante passou de 88 para 120 mil réis”. [12]
Quanto as rodovias não foi diferente, tardaram muito a chegar na região. Para chegar até a localidade em estudo, os imigrantes tiveram que abrir um picada no meio da mata e vir pulando sobre madeiras. Os próprios imigrantes muitas e muitas vezes reuniam-se em mutirão para abrir estradas, ou em suas expressões, picadas, para interligar-se com outras localidades.
“As primeiras rodovias foram abertas após a pacificação do rio Grande do Sul. Melhoradas no fim do Império nunca passaram dos, Caí, Taquari e Jacuí. Mais tarde outras partiram enfim dem diagonais. Uma delas, a que interessa para este trabalho, partiu de Mirante, no Taquari para Venâncio Aires, Soledade, Cruz Alta, Ijuí, Santo Angelo e Guarani”. [13]
Além destes interesses políticos-econômicos-sociais estarem ligados a um processo maior, “a via férra proporcionou a intensificação da exploração e com relativa facilidade a colônia usufruiu de excelente rede de rodovias e comunicações que se prolongam para além da  zona de campo”. [14]
Depois de analisar so fatores determinantes da inauguração da Colônia e mais especificamente da localidade, Linha 29, entendemos melhor o que diz José Hildebrando Ducanal: “os imigrantes se localizaram nas zonas de serrarias porque a maioria vinha sem qualquer fortuna. Só restavam as matarias, não passa de anedota a atração por semelhanças com terras de origem. Tudo isso é invenção sem fundamento”. [15]

4 – Fertilidade e Valorização das Terras
O progresso desta região de difícil acesso com, como já vimos, comparada com outras do estado e ou municípios, se deve em grande parte, como já vimos, pelo avanço dos meios e principalmente vias de transporte, comércio e fertilidade do solo. “Os vales da antiga colônia de Ijuí, que não cortam o salto, cuja decomposição deu um solo fértil no início da colonização. Ataíram descendentes de imigrantes das colônias velhas do estado e de Santa Catarina para a região”. [16]
“O estabelecimento da Colônia se dá em 1890, mas sua ocupação termina aproximadamente em 1910/11 ano da inauguração da ferrovia. O preço das terras sobe imediatamente, de 1911 a 1912 dobrou. Lote 25 hectares em Cadeado (Ijuí) na fundação custava 35 mil-réis em 1901, 100,00 e entre 1908 e 1910 seu preço foi multiplicado por 28 em menos de dez anos. A área cultivada em 1920 era de 19,4%, já em 1950 passou para 32%”.[17]
Para melhor exemplificar podemos dividir “a ocupação da mata por imigrantes e descendentes destes, em duas etapas.
Na primeira processou-se a ocupação da mata da região centro-nordeste do Estado, por imigrantes de uma única nacionalidade.
“Na segunda etapa processou-se a ocupação das terras cobertas de mata no norte do Estado-vale do rio Ijuí e região do Alto Uruguai. Teve início em 1890 com a fundação da “Colônia Ijuhy” que avançou rapidamente. Estas foram as chamadas colônias novas”. [18]
Segundo estes relatos observa-se a ligação com a chegada dos imigrantes e descendentes neste período, como também a fertilidade das terras, pois eram as mais difíceis de exploração devido a existência da mata. Estas “colônias novas”, “sofreram um processo idêntico e importante que se caracterizava pela pequena propriedade a qual originou o minifúndio, a prática da policultura destinada ao abastecimento da família e a produção do excedente para a comercialização, como também a utilização dos recursos naturais, ou seja, da fertilidade natural do solo e uso da mão-de-obra direta dos membros da família”. [19]

II – LOCALIZAÇÃO E COLONIZAÇÃO
1 – Primeiros Habitantes
Quando vieram os primeiros imigrantes haviam poucos moradores nesta localidade. Segundo depoimentos de pessoas mais idosas da localidade, moravam apenas alguns caboclos como: “a família Cavaleiro, seu Norberto que possuía os seguintes filhos: Itagiba, Itacílio, Antonio, Braulio e outros, como também Eurico de Oliveira, (bicudo) Bras Marques, Victor Antunes rolin e mais tarde o professor Eurélio Trindade. Também morava próximo a esta localidade, do outro lado do rio Ijuí, pertencente ao município de Panambi a família De Marchi. Hoje neste mesmo lugar reside a família Trentini. Sr. Floriano Breitembach (avô do Floriano Breitembach que mora hoje na localidade) contava que existia madeiras de um casa em sua propriedade, (hoje propriedade do Sr. Lino Dallabrida). Esta casa provavelmente tinha cobertura de palha porque já desapareceu”. [20] Acredita-se que nela moravam caboclos e saíram para outro lugar quando os italianos chegaram. O Sr. Luciano Dallabrida relata que sua família, seu pai e avô vieram por volta dos anos 1907 a 1909.
A principal causa de sua “migração de Santa Catarina, município de Nova Trento, foi uma terrível tempestade de granizo que acabou com produção, esta preocupou  até as autoridades, que visitaram a região para avaliar os danos da tragédia. A intensidade dos estragos causou desânimo em recomeçar.” [21]Tentando fugir dos problemas e amenizar a situação decidiram migrar para o Rio Grande do Sul, Rio Grande, como diziam.
“os imigrantes vieram da Itália em busca de melhores e mais terras para seus filhos. A procura de uma vida melhor na América. Chegaram no Estado de Santa Catarina, município de Nova Trento e vieram há vários anos. As terras que receberam não eram muito férteis, o milho parecia pipoca, a principal cultura ou, a que melhor rendia era a mandioca.”. [22] Outras famílias migraram para esta localidade devido notícias recebidas de parentes que já residiam aqui. Estas famílias eram as já citadas, de seu. Através Luciano e Adão de cartas diziam que as terras eram férteis, mas os lugares não eram bonitos. Mesmos assim as notícias motivaram a transferência para as novas terras.
Interessados a transferirem-se começaram a guardar antecipadamente alimentos, roupas e outros mantimentos para a viagem e a chegada à nova terra. “A viagem foi difícil e demorada, viajaram durante três dias para chegar até Itajaí, litoral de Santa Catarina. Aguardaram três dias antes de embarcarem para Porto Alegre. Depois de três dias de viagem chegaram, e ali espararam oito dias a fim de esperar o trem que os conduzissem até Cruz Alta. Prosseguindo, as dificuldades aumentaram, pois tiveram que vir até a Linha 26 de carroça. Desta localidade até a Linha 29, lugar que pretendiam chegar, não havia estrada. Esta realidade fez com que viessem a pé e à cavalo por uma picada no meio da mata. Estas famílias chegaram dia três de maio de 1909” [23]
No início as dificuldades foram muitas, mas a vontade de prosperar não deu lugar ao desânimo. Derrubaram algumas árvores, construíram um casebre coberto de capim onde moraram todos juntos por algum tempo, até conseguirem construir novas casas. No primeiro ano não conseguiram plantar, receberam alimentos dos parenes. Segundo seu Paulo Dallabrida, no ano seguinte conseguiram plantar trigo, sua avó Ursula apenas conseguiu conhecer a cultura, pois neste mesmo ano faleceu.*

2 – Propriedades
Conforme relatos feitos, vemos que eram realmente poucos os moradores da região, a grande quantidade de matas comprova a afirmação das primeiras famílias que vieram apenas um ou dois anos antes compraram suas terras do governo em forma de títulos. Os italianos que vieram mais tarde influenciados por notícias de que a terra era fértil, também conseguiram alguns lotes do governo. Mas isto não foi para todos, pois a localidade já estava sendo habitada, tiveram que comprar de particulares. È importante lembrar que “a distribuição dos lotes coloniais foi fundamental para a sobrevivência biológica dos imigrantes”, [24] e consequentemente condução do processo exigido pelo sistema capitalista de produção.
Nesta localidade nunca existiram grandes proprietários de terras, a comercialização de propriedades ocorreu, mas. foram pequenos lotes, geralmente de 25 hectares. Este era o lote básico de uma família, mas na medida do possível ia adquirindo mais lotes.
Segundo descendentes de imigrantes italianos, eles nunca expulsaram caboclos da região. O que queriam era ter o seu pedaço de terra e trabalhar par sustentar e possuir mais filhos. Em contrapartida as palavras do professor da época, Sr. Eurélio Trindade, Diziam eles: “Porque vieram tirar a terra?... Por inveja?” [25]
As propriedades foram sendo organizadas na medida que conseguiam derrubar a mata, na maioria das vezes nem tiravam a madeira. As casas dos primeiros moradores, caboclos e italianos, foram feitas de bambu. Isto realmente demonstra as dificuldades de organização e colonização.
Mesmo a terra sendo fértil, no início superaram dificuldades idênticas a sua realidade anterior, o desafio de começar do nada. As dificuldades aumentavam e agrava-se a situação por não possuírem ferramentas de trabalho adequadas para enfrentar a mata densa.
“Nós ainda tínhamos algumas coisas, mas era triste escutar e ver outros, principalmente descendentes de alemães que vieram para fugir de guerras e se instalarem nas redondezas, contar de que faziam um buraco com uma vara para plantar os produtos. Para colher o trigo, cortavam com a tesoura e em cima de um pequeno pano batiam para trilhar. Muitos contavam e enchiam os olhos de lágrimas lembrando o sofrimento que passaram”. [26]
Para começar a produzir alimentos tiveram que derrubar a mata, uma pequena parte, pois as dificuldades eram muitas e o rendimento era excelente. Plantavam milho feijão e trigo, mais tarde, abóbora, amendoim e outras culturas que conseguiram sementes. O milho, o feijão e o trigo foram os pioneiros porque eram basicamente a sua alimentação. Ao meio dia sua alimentação era a polenta e a noite feijão. Muitas vezes não comiam outros como ovos ,,,, pois deixavam para vender ou trocar por mantimento que não possuíam ou ainda ferramentas de trabalho.
Como se pode observar este foi o processo de ocupação e distribuição das propriedades desta localidade, Linha 29, com também outras do Planalto Riograndense.
A causa de escolherem estas terras para fixarem residência foi a de que não possuíam muita escolha. Estas terras recisavam ser ocupadas e os imigrantes vieram para trabalhar e adquirí-las para a família.
A distribuição de pequenos lotes ainda é característica desta m. Muitos filhos de descendentes de imigrantes não mais encontraram lotes para adquirir e consequentemente repetiram a história de seus avós e bisavós. Os municípios que “escolheram” para possuir terras que foram suas, foram: Estado. Além de que muitos foram mais adiante, como Santa Catarina e Principalmente Paraná.

3 – Relações de Poder
O relacionamento diretamente com a natureza, no início, fez com que os imigrantes e descendentes de italianos superassem muitas dificuldades inesperadas.
A estrutura governamental que muitas vezes prometia auxilio, abandonava os colonos, ou então financiava apenas o título da terra, não lhes proporcionando as mínimas condições para prosperarem. Estas promessas desafiaram os colonos, que desacreditados no governo, por conta própria migram e fixam morada em terras ainda não habitadas, então pouco habitadas.
A ocupação da Linha 29, não se enquadra totalmente dentro desta amplitude, mas observa-se aspectos que se encaixam, como o da espontaneidade da migração, falta de ferramentas de trabalho e outros. A vontade de prosperar, viver melhor, a preocupação com o futuro da família e possuir sua terra, dispensou a contribuição do governo.
Com suas poucas ferramentas e experiência, iniciaram a colonização nesta localidade. O relacionamento com os caboclos era muitas vezes violento, mas em outras ocasiões aprendiam juntos. As dificuldades manifestavam-se pela maneira de ser do italiano, seus costumes, língua e forma enérgica quanto a segurança de seus bens materiais. Mas por outro lado não podemos ignorar a capacidade e habilidade do caboclo em superar as dificuldades. “Não é possível acreditar a versão de chauvinista e rascista segundo o qual o imigrante sobreviveu e venceu porque era ‘melhor’ que o caboclo.
O caboclo não tendo o mesmo privilégio de receber lotes, era constantemente deslocado. As terras jamais foram distribuídas aos caboclos. Eles possuíam outra ideologia de vida que para a época era racional, utilizavam qa terra por determinado tempo, depois migravam ou derrubavam outra área de mata.
Havia abundância de terras, mas com a chegada do imigrante que veio com outra visão, inspirado no sistema capitalista, aos poucos ele ficou a margem da sociedade”. [27]
Conforme podemos observar, no texto acima, o caboclo permaneceu em desvantagem e sua maneira de trabalhar a terra confere na íntegra com o depoimento: “Eles só plantavam cantos, cada ano trocavam de lugar, deixavam virar capoeira e abriam outra roça”. [28]
As relações de trabalho entre os dois grupos agora existentes na localidade manifestavam-se pela acirrada exploração do maior sobre o menor, tudo em nome do progresso e necessidades sociais. Os próprios descendentes de imigrantes com mínimas vantagens reclamavam da exploração do trabalho justificando-se: “Para comprar um lenço de pescoço nós trabalhava três dias”. [29]
Não fio só esta localidade, mas sim toda a Colônia de Ijuí que sofreu tensas relações de exploração.
“Em Ijuí, fundada em 1890, mas cujo território só foi inteiramente ocupado por volta de 1911, a propriedade média totalizava 41,5 hectares, em 1920, e 30,4 em 1950”. [30]
É importante observar que em poucos anos de colonização estas colônias começam a sofrer um rápido processo de divisão da propriedade.
Segunda conclusão que se faz necessário aqui detalhar é o tamanho das propriedades na Linha em estudo, Linha 29, a maioria  abaixo da média. Desta forma não se torna difícil entender a intensidade das relações capital X trabalho. A grande preocupação do pai de família era pelo menos deixar de herança um pedaço de terra para os filhos.
Por outro lado, temos que considerar que “na verdade o negro foi trazido para preencher o papel de força de trabalho compulsório estruturado na grande lavoura, preocupada em produzir para o mercado,” [31] e muitos pós a libertação   (1888) ou até antes, fugiram das charqueadas e campos do sul também em busca de terras e vida melhor.
“O fato de tachar as sociedades de negras de ‘atrasadas’ ou ‘primitivas’ é um erro histórico e hábitos”. [32]
O italiano representava o poder dominante, isso lhe dava privilégios.

4 – Produção e Comércio
No primeiro contato com o solo vivenciaram uma experiência inédita em sua vida, a produção impressionou os colonos. O milho se tornou indispensável na alimentação tanto humana como animal. Assim como também o trigo que rendimento. “Uma quarta de lata de semente plantada chegou a produzir 50 sacas de trigo. Era trigo mesmo, de uma saca de 50 quilogramas se tirava de 45 a 47 quilogramas de farinha, era descontado 1 quilograma e o restante se recebia em farelo”. [33]
No primeiro ano não conseguiram plantar, para tratar os animais tiveram que comprar milho. Mas após alguns anos já vendiam ou trocavam
Por outros produtos necessários à família. A venda do milho era feita em espigas. A cultura da mandioca também foi muito cultivada, “plantavam até 4.000 pés por ano”. [34] Esta cultura se tornou mais importante principalmente quando começaram a engordar suínos, porcos, para a comercializar. O mesmo aconteceu com o cultivo de abóboras que em pouca terra rendia muito. “Colheram até 105 carroçadas com aproximadamente 39 abóboras por carga, em um ano. A maior abóbora colhida pesou 47 quilogramas”. [35]Estes relatos comprovam a fertilidade da terra de que seus parentes noticiaram na época. Como também o espírito capitalista de produzir, que os italianos possuíam.
A facilidade em produzir alimentos incentivou a criação de suínos para engordar, extrair a banha e comercializar.
Mas por outro lado a comercialização era dificultada pela inexistência de vias e precários meios de transporte como também de comerciantes próximos da localidade. A produção motivou e fez surgir casas comerciais que iniciaram a comprar o suíno vivo. Este avanço acelerou a produção agrícola e a criação de suínos. O mesmo, por muito tempo se tornou a fonte básica da economia colonial.
As negociações entre colonos e comerciantes geravam conflito quando havia variação de preços. O comerciante combinava o preço muito tempo antes de carregar os suínos, pela dificuldade de comunicação e transporte. Mas acontecia que muitas vezes quando ia carregar era outro o valor. Se o preço tivesse sido elevado o produtor exigia o preço do dia, justamente, este não era o problema. Os desentendimentos aconteciam quando o preço baixava e o produtor exigia o preço combinado.
As conflituosas relações comerciais fizeram com que “o comerciante ficasse mais ‘esperto’ e para não perder seu lucro, começam a fraudar no peso ou outros descontos (o cocho,...)” [36]
Por outro lado, a exigência dos colonos se fazia necessária na medida que, havendo boa produtividade os preços tornavam-se irrisórios e injustos e a sua lucratividade também desapareceria. “Um caminhão carregado de milho possuía o valor de 200 a 300 mil réis. Uma arroba de banha 9 a 10 mil réis.” [37]
“ A banha, e mais tarde o suíno foram os pilares da prosperidade da maioria dos colonos”. [38] Sempre que sobravam dinheiro deixavam depositado no comércio, o qual iam descontando suas compras necessárias. Depositavam muita confiança no comerciante, lá consideravam que seu capital estivesse seguro. Muitos produtores dispensavam o pagamento de juro pelo empréstimo ou guarda do dinheiro, como se referiam. O comerciante com mais experiência financeira aplicava em mercadorias para seu armazém. Ou ainda aplicava em compra de terras, multiplicando o dinheiro dos colonos e devolvendo com a maior facilidade. As fazendas de campos, não muito longe da localidade, na época poderiam ter sido compradas, porém não interessava já que eram terras com baixa fertilidade e não havia inseticida para as formigas. A terra não produzia, eram campos cobertos de capim, (barba de bode). Assim sendo, o comerciante tornava-se a garantia não encontrada na maioria das vezes nos caboclos.
A maioria das compras, gastos com casamentos e outro, eram custeados inicialmente com a venda da banha. “O meu casamento foi feito com o dinheiro da banha. Para comprar minha cama vendemos 30 arrobas de banha”. [39]
Estes relatos se tornam importante no momento que fizermos sua comparação com a nossa realidade em relação ao mesmo produto ou então com o principal produto cultivado atualmente na região.
A conclusão evidente, apesar de algumas diferenças de valores, é que a produção primária não era e continua não sendo valorizada pelo seu valor de utilidade. A produção é um instrumento de poder para os setores secundário ou terciário ou classes sociais que detém o poder econômico.
A deficiência no transporte foi consequência do lento crescimento da produção. Nos primeiros anos a produção da banha era transportada de carroça até Ijuí, isto quando não tinham que levar até Cruz Alta. O trajeto era longo e demorado, custava-lhes dias de viagem.
A mata existente era densa e rica em madeira. Dificultava o plantio e sua retirada para utilização em construções de casas e galpões. A madeira era farquejada na própria mata e depois de pronta transportada para o local das construções. Ainda hoje existem casas e galpões construídos na época, nas quais comprovam a qualidade e prte da madeira existente.

III – RELAÇÕES SOCIAIS
1 – Formação das Famílias
Partindo da árvore genealógica da minha própria família observa-se que muitos casamentos aconteceram entre parentes (primos).

Arvore genealógica























Observa-se que meus bisavós paternos eram irmãos e destas duas famílias surgiu a família de meus avós. Também observa-se que meus avós não foram os únicos a casarem-se entre primos. Os símbolos ao lado dos nomes indicam os outros casamentos entre estas duas famílias. Com os demais aconteceu o seguinte: o Domingo, a Ursula, a Catharina e a Maria também casaram-se com parceiros uo parceiras da mesma família (Dallabrida), mas estes não eram parentes próximos, primos como os anteriores. Os outros casaram-se com famílias descendentes de imigrantes italianos que já residiam na localidade ou vizinhança, dentre elas: Bandeira, Lauer, Sangiogo, Calgaro e Breitembach.
Este é um exemplo que caracteriza o forte relacionamento entre parentescos ou pessoas da mesma origem que predominava na localidade.
Observamos que houve também um casamento com pessoa de origem alemã.
Dos oito irmãos de meu pai cinco casaram-se com parceiros ou parceiras caboclos. Acredito que isto aconteceu poque muitos deles quando casaram-se não residiam mais nesta localidade. Pois aqui na localidade, Linha 29, este forte relacionamento entre italianos persistiu e ainda predomina, nos últimos anos ainda assistimos casamentos entre parentescos (os pais sendo primo-irmãos). É claro que são raros, mas ainda registrou-se.
Os primeiros habitantes dizem que os casamentos aconteciam entre parentes porque não conheciam outras pessoas e muitas vezes eram os pais que indicavam a companheira ou companheiro. Eles saíam muito pouco de casa, talvez nem nas festas de igreja tinham a liberdade de participar. Assim vários casais conheceram-se alguns dias antes do casamento e começavam a sair mais de casa devido as necessidades que a família exigia.
A seguir temos a oportunidade de observar os casamentos na localidade nos anos de 1920 a 1970.
CASAMENTOS COM:
ANO
PRIMOS
ITALIANOS
CABOCLOS
OUTRAS ORIGENS
TOTAL
1920

1


1
1921
1



1
1926
2



2
1927


1

1
1929
1
1
1

3
1930

2


2
1932

1


1
1935

1


1
1938

2


2
1940

2


2
1941
1
1


2
1943

1


1
1946
1
2


3
1947
1
3


4
1948
1



1
1949
2
7


9
1950
1
2


3
1952

2


2
1953


1

1
1954

1


1
1955

2


2
1956
1
1


2
1957

1
1

2
1958

5
2

7
1959

3

1
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1969

1

1
2
1970

1


1
TOTAL
12
51
8
5
76
            Fonte: Casa paroquial de Ajuricaba: Livro:
Os dados da tabela demonstram a predominância dos casamentos entre descendentes de italianos. Em 50 anos aconteceram 51 casamentos entre italianos, 12 entre parentes e apenas 8 com caboclos.
Outra observação importante nestes dados é que a partir de 1959 começaram acontecer casamentos com descendentes alemães e poloneses.
Cabe aqui lembrar de que aos poucos os caboclos foram afastando-se da localidade e dando lugar a outros migrantes. A integração com estes teve um processo mais acelerado, pois os casamentos aconteciam mais frequentemente e em número igual  aos entre italianos.

2 – Participação na Comunidade
Uma das primeiras preocupações dos imigrantes e descendentes foi fundar uma comunidade e construir uma igreja. O pai de seu Luciano em Santa Catarina possuía bom relacionamento com a comunidade religiosa, contribuía sendo coroinha do padre. Com a mudança para a nova terra não esmoreceu sua fé, ao contrário sentiu-se desafiado a fundar junto com outros interessados a comunidade que denominou-se São Jorge.
Já no segundo ano, 1911 construí1932 deu lugar a uma nova de tamanho maior, ppois a comunidade crescia e se fazia necessário.



Foto da igreja


Não tiveram enormes dificuldades, já que madeira existia em abundância. Hoje esta acima, não mais existe, foi construída outra de alvenaria
A união e organização estava presente e reforçada pelas orações e devoções de fé cristã. Aconteciam todos os sábados a reza do terço, como também nas festas religiosas, procissões em meses especiais, via-sacras e domingos. Rezavam muitas outras orações  atualmente esquecidas. As missas eram apenas assistidas, o padre é que rezava. Hoje acorre a participação da comunidade, nos cultos pode acontecer até debates.
A pouca participação dos caboclos na comunidade causou o domínio dos imigrantes e descendentes na formação de Diretorias e cargos da igreja e escola. Para as diretorias eram escolhidas sempre pessoas mais influentes, com mais experiência.
Destaca-se a importância da Igreja Católica para os italianos, com com estrutura e experiência de dois mil anos, como catalizador cultural, afastando o perigo da evolução e acompanhando lado a lado em sua marcha evolutiva.
Seminários e juvenatos praticamente custearam estudos de milhares de jovens imigrantes rurais ou urbanos que não tinham condições financeiras.
“Imigrantes possuíam capacidade de organização privilegiada, em condições de integrar-se, chegando a alcançar posições reservadas à oligarquia agrário-mercantil. Assim aqueles que dispunham de mais conhecimentos técnicos, mesmo rudimentares e de pequenas posses, prosperaram visivelmente em sua economia e socialmente já início do século”. [40]
Afastados dos fatores determinantes da prosperidade, forçados a adaptar-se à realidade vigente sem condições igualitárias de competir com o imigrante o caboclo revolta-se e agressivamente agia em festas e promoções da comunidade. Suas atitudes, eram consideradas abusivas e consequentemente iam sendo excluídos do convívio social. Também precisamos considerar que em sua ideologia não havia a preocupação de acúmuno de riquezas, a qual justificava-se pela maneira de trabalhar a terra e participar em festividades.
Assim como estas, crenças religiosas e outras causaa provocaram seu afastamento da localidade. O conflito de ideologias e contraste cultural desencadeou o isolamento e afastamento da parte mais fraca. A regra da ótica capitalista predominou sendo o italiano como fiel seguidor. Esta geração prosseguiu com muita insistência seus objetivos almejados, sempre considerando a melhor forma de ação. Da mesma forma a maioria de nossa  geração continua seguindo a ideologia predominante. Ocorreu erança cultural, transferinso-se as idéias conservadoras dos pais para os filhos. A juventude encontra-se contagiada ideologicamente, nem mesmo a igreja, ou melhor, seu relacionamento com a igreja conseguiu reverteu este quadro e incutir idéias mais progressivas.

3 – Visão dos Vencidos
A dificuldade de encontrar caboclos que realmente morassem e soubessem mais sobre a localidade, fez com que este lado da história ficasse em desvantagem.
Diante de alguns descendentes de caboclos moradores da localidade consegui resgatar e confrontar argumentações feitas por descendentes de italianos.
O caboclo possuía seus costumes diferentes dos italianos, diziam eles: “ a nossa preocupação era viver bem e quando não dava mais, ir para outras terras. Os italianos italianos não nos tocaram embora da Linha 29. Eles tinham muita vontade de trabalhar, trabalhavam mesmo, até os filhos menores. Eles fizeram boa oferta e nóis vendemo as terra nos mudando para o outro lugar”. [41]
            Quanto a participação na comunidade, frequentavam até regularmente, mas acreditavam também em benzimentos, simpatias e outras crenças. Estas idéias não eram aceitas pelos italianos católicos. O impasse estava formado, e a exigência da religião afastava e desligava o caboclo da comunidade. Mas este não foi o único fator, havia outros como: diferença nos hábitos, vestimentos, trabalho e língua. Não gostavam de frequentar a comunidade quando falavam a língua italiana, pois nada entendiam. Por outro lado, muitos italianos só sabiam falar esta língua. Outra característica que não se enquadrava aos seus costumes era o jeito fechado de ser do italiano. Conversava pouco, era bastante envergonhado, saía pouco de casa, na meia tarde iam para casa, mesmo aos domingos para fazer os serviços, tratar os animais, etc. O caboclo também colocou que, poucos casamentos aconteciam entre eles porque era difícil conversar com as moças, eram envergonhadas e falavam pouco ou nada em português.
            Estes depoimentos conferem que havia dificuldade de relacionamento social devido as diferenças culturais.  A desconfiança a humildade e vontade de integração manifestava-se na convivência social. Mas mais forte, porém foi a preservação de seus costumes, de ambas as partes presenciou-se a resistência. Quando intensificam-se ou acirravam-se conflitos de idéias, os ânimos se exaltavam e ocorriam os desentendimentos. Nestes momentos expressavam-se com dizeres ofensivos em relação as raças.
A maneira do caboclo participar e ajudar a comunidade era manifestada diferentemente à do italiano. Sua contribuição era festejando, se divertindo mesmo.  Que por outro lado, o italiano era mais reservado, seguro e controlado, “pensava duas vezes antes de gastar”, [42] diziam eles.

4 – Preconceito ou Jogo de Cartas Marcadas
Nas entrevistas com pessoas mais idosas e relatos feitos observou-se uma certa rivalidade que agravou-se e afastou o caboclo da localidade.
As constatações feitas evidenciam as diferenças econômicas, culturais e sociais que provocaram a dos caboclos. Seu temperamento, usos e costumes tornaram-se para a sociedade que transformava-se com os imigrantes e descendentes de imigrantes. Por serem minoria e vendo invadido seu meio ambiente a alternativa foi migrar para novas terras onde pudessem viver segundo seus costumes. A sua transferência não foi com revoltas, mas também não podemos representa-los como figuras passivas da história que tudo suportavam. As relações eram tensas, esles resistiam e defendiam sua posição sócio-cultural. Muitos ditados populares criaram-se agravando o relacionamento entre os dois grupos étnicos existentes. Sua popularidade  foi abatida, marginalizou-se e deixou o caboclo margem da sociedade. Em cargos públicos não participavam, eram confiados à pessoas influentes. É claro que devemos considerar as vantagens comparativas entre eles, mas o caboclo não tinha por prioridade a participação e convivência em comunidade, sempre foram divididos e afastados de suas famílias, não tiveram a oportunidade desta prática educacional.
Em contrapartida o imigrante considerava de extrema relevância a participação e conservação de hábitos adquiridos de ser educado por pessoas mais experientes, muitas vezes vindos de sua terra natal.
Para a sociedade capitalista vigente o imigrante prosperava e entendia os desejos governamentais. Esta condição colocava-o em posição vantajosa em relação ao caboclo.
Acredito que o relacionamento entre o imigrante referindo-se ao caboclo, apesar dos pesares, não se caracterizava como preconceito racial. Apresentava sim, a lógica do jogo de interesses do poder dominante que trouxe para esta realidade características representativas na prática real em sua ideologia, economia, sociedade e cultura.
            “No caso brasileiro observamos o preconceito, apesar do baixo nível cultural, através de inúmeras “piadas” e “aforismo”, relacionados com o grupo negro, que circulam em todo o país, momo “negro de alma branca” (negro do lado de ótimas qualidades), “negro quando não faz na entrada faz na saída” (significado que negro sempre decepciona) e muitos outros. Constata isso também nas novelas, programas humorísticos, cinemas, teatros, literatura, etc, onde o negro desempenha os papéis mais humildes ou ridículos”. [43]
Estes ditados populares demonstram-se presentes nesta localidade, motivo de muitos enfrentamentos entre caboclos e italianos. Apesar de que muitos, os mais conscientes e progressistas se manifestaram contrários a estes dizeres. A concretização destes ditados as vezes ditos por “simples prazer” torna-os hereditários e permitindo a continuação das marginalização social.
Comprova-se a existência destes ditados e a revolta dos caboclos no seguinte fato: “na localidade próxima residia um caboclo o qual os italianos o chamavam de ‘bicudo’, não se sabe a razão. Em certa ocasião encontrou um imigrante a cavalo, ao se cumprimentarem este lhe chamou pelo apelido. O caboclo sem hesitar assegurou-lhe o feio do cavalo e pedui que repetisse. Discutiram por instantes, mas o imigrante reconhecendo rebaixou-se e seguiu viagem ouvindo a revolta do caboclo”. [44]
“No caso brasileiro as raízes dos preconceitos estão no período da escravidão e, principalmente, na fase imediatamente após a abolição.
A libertação lhes foi concedida sem que lhe tivesse sido preparado para o ingresso numa sociedade de capitalismo emergente e para os papéis sócio-econômico de trabalhador livre.
O imigrante praticamente monopolizava todas as oportunidades novas, ao mesmo tempo que eliminava o negro das posições que ele alcaçara no artesanato e em alguns ramos de pequeno comércio.
Não foram preparados, mun piscar de olho passaram do escravismo para o capitalismo. Evitavam permanecer muito tempo vinculados na mesma atividade, afastando-se sempre que tinham recursos para manterem-se numa ociosidade temporária”. [45]
Esta realidade estava presente e representada nesta localidade, mas os imigrantes não entendiam o caboclo, julgavam serem vagabundos, diziam que não queriam nada com nada. Quando trocavam anualmente de lavoura para o plantio, consideravam ignorante. Mas na realidade com seu modo de vida, muito bem conseguiam viver, se não houvesse é claro, a intervenção do imigrante.
“Estas suas características provocavam constantes atritos com empregadores e iam marginalizando o negro da oportunidade de trabalho. Aqui começa a se originar o estereotipo da irregularidade e preguiça do negro”. [46]
Atualmente a juventude até possui elogiável relacionamento com o caboclo. Quanto aos casamentos com o caboclo e outra etnias os mesmos se intensificaram em comparação com os primeiros tempos, apesar de que alguns ainda persistem na regra traçada pelos seus ancestrais.
Dos vinte e cinco jovens e adolescentes entrevistados sobre o preconceito racial em casar-se com caboclo ou cabocla os resultados foram os seguintes: dezoito responderam não ter importância a cor ou a origem da pessoa, mas sim o comportamento e atitudes como parceira ou parceiro; quatro manifestaram-se indiferentes por já possuírem namorado uo namorada. E os três últimos disseram ter preferencia por loiros/loiras. Argumentaram dizendo ser importante analisar a família que vem, “a cepa”.
Em relação a questão: - Por que a grande maioria dos caboclos são pobres e não ocupam emprego de primeiro escalão? Obtive o seguinte resultado: vinte e um expressaram-se lamentando discriminação que o caboclo sofreu, não podendo competir com o imigrante; três em parte consideraram as desvantagens e dificuldades, mas posicionaram-se contrários justificando serem vadios, que só trabalham se recebem o valor que querem e ainda fazem o serviço mal feito, ou não acabam o mesmo. E um respondeu agressivo dizendo que só se aproveitavam, que são pagos para fazer o serviço e não aparecem mais. Justificou dizendo: “nego é nego, não adianta”.
Quanto a última questão que tinha por objetivo analisar a ideologia predominante quanto a questão social dos menores abandonados, FEBEM e Penitenciárias, locais que atualmente estão em efervescência e que possuem grande número de caboclos, apresento o seguinte resultado: O mais radical manifestou-se assim sobre o massacre ocorrido na Penitenciária de São Paulo e revolta dos menores da FEBEM de porto Alegre no mês de outubro (esta ultima, dia 22 de outubro de 1992). “Nestes lugares o que existe é 80% de gente que não presta mesmo, que soltos, voltariam a roubar e matar, a maioria é negrada”. Analisando mais profundamente a citação revoltada pode-se dizer que “nem sempre são representação ideológica da infraestrutura vigente no momento histórico. As vezes a situação ideológica já desapareceu mas encontra-se ainda as condições que a geram”. [47]
“A sociedade brasileira já oferece maiores oportunidades de trabalho e ascensão  do negro, embora muitas barreiras ainda persistam. Ele ainda ocupa o status de cidadão de segunda categoria”. [48]
Ficou evidente que as barreiras persistentes estão mais presentes na camada média da população. A classe social que se mantém indiferente, que possui certa estabilidade sócio-econômica, que mantém a aparência de autônoma e e tradição política conservadora. Mantendo fiel alinhamento as características política-ideológica da zona da mata, região que predomina a imigração.
Tudo o que o negro passou em todo o país; “enfrentou diferentes hábitos, língua, religião. Separação de famílias, dificultando a integração que pudesse vir a ter,” [49] Podemos dizer que seus descendentes ainda respeitam o branco.
Na profundidade do areabouço ideológico cultivava-se os resultados previstos, pois “devido a especificidade das relações de produção que se desenvolviam no Brasil e ao interesse de marginalizar seus lucros. Não foi uma fatalidade da natureza, mas uma determinação histórica”. [50]
“Nesta amplitude da política nacional, nossa localidade encontra-se imbricada e contagiada ideologicamente. Em linguagem atual a relação branco X caboclo era, e muitas vezes ainda é, mania nacional. É um conteúdo profundamente programado  pela máquina político-ideológica que conduz a sociedade. O jogo das relações sociais está praticamente com as cartas marcadas” A letra tras a triste realidade vivida existencialmente pela maioria dos brasileiros. Mostra a dual situação: num lado os que são e outro os que não são jogados como cartas, uns contra os outros. E quando o povo manifesta-se as imagens enganosas acabam com as esperanças e emoções e como um jogo acaba e recomeça em suas mãos.

CONCLUSÃO
A emigração italiana para o brasil r
Almente foi dirigida segundo os interesses do sistema capitalista que determinava sua distribuição e função.
Observa-se que o sacrifício, seja pelo recebimento de terras de má qualidade, seja pelas contrariedades ligadas a saúde, alimentação e ferramentas fazia parte da estratégia governamental ou de empresas colonizadoras.
A saída de sua terra natal, e o caso em estudo de Santa Catarina município de Nova Trento, foi a procura de novas terras, oportunidade melhor de vida e fuga da tragédia inesperada. A não acomodação, a sede de prosperar trouxe o italiano para esta região que rapidamente estava sendo ocupada. A inclinação das terras não foi impecílio para fixar residência.
No âmbito social, no entanto, surgiram tensões sociais, oriundas da diversidade cultural e ideológica em relação ao caboclo que residia nesta localidade. Mas conforme narrativas, ficou evidente que não havia um preconceito racial, mas sim apenas uma discriminação em alguns aspectos referentes aos costumes do caboclo. O caboclo construía sua capacidade de autodefesa e perseguia uma estratégia de uso da terra e produção totalmente autônoma. O contrário do colono italiano que era submetido a subconsumo e complexo lógico que definia e controlava as forças e interesses dominantes, estimulou sua ambição de acumular capital a qualquer custo. É importante frisar e recordar do passado dos dois grupos étnicos, comparar vanragens e desvantagens para compreender seu relacionamento e consequente predomínio do italiano na Linha 29. Pela sua própria estrutura de organização, viu-se envolvido e viabilizava seus interesses e aspirações. O seu sistema de produzir e viver obrigatoriamente era sustentado pelo alinhamento a política-ideológica capitalista a qual lhe forneceu vantagens em detrimento de sua própria liberdade e doação.
Quanto a juventude atual, último objetivo de análise, houve evolução, mas conforme diz Argemiro J. Brum: “da consciência ingênua deve-se evoluir para a consciência crítica e desta para a consciência organizacional: instrumento fundamental para conduzir as aspirações populares”. [51] A esta não cabe um julgamento, mas o desafio de construção de sua consciência e história da localidade.





DEPOIMENTOS

Depoimento de Luciano e Mathilde Dallabrida relativo a Migração e Colonização Italiana na linha 29, Ajuricaba, RS, setembro de 1992.
Depoimento de J.M.A.
Depoimento de Seraphim Carlos e Anna Dallabrida relativo a Árvore Genealogica. Ajuricaba, RS, outubro de 1992.
Depoimento de vinte e cinco jovens da localidade: Ângela, Aniro, Berenice, Carlos, Cledemir, Egidio, Elaine, Elemar, Gertrudes, Hildebrando, Ivan, Jair, Josemar, Lauro, Leniro, marcos, Marilda, Marilene, Marilucia, Rogério, Romildo, Rosane, Tarso, Valdoir e Vilson.

PANFLETO

PESAVENTO, Sandra Jatahy, De escravo á liberto, um difícil caminho, Porto      Alegre, 1988, 16p.


































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[1] DACANAL, Jose H. RS: Imigração & Colonização, Porto Alegre, Mercado Aberto, 1980, p.51 (Série Documentada).
[2] DACANAL, José H. op. cit., nota 1, p.52.
[3] Idem, op. cit., p.50.
[4] Idem, op. cit., p.52.
[5] Idem, op. cit., p.55.
[6] ROCHE, Jean, A colonização Alemã e o Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Globo, 1962, p.23.
[7] ROCHE, Jean, op. cit., nota 6 p. 23.
[8] Idem, op. cit., p. 23.
[9] Idem, op. cit., p. 23.
[10] DACANAL, José H. op. cit., nota 1, p.53-55.
[11] ROCHE, Jean, op. cit., nota 6 p. 63.
[12] Idem, op. cit., p. 64-65.
[13] Idem, op. cit., p. 67.
[14] Idem, op. cit., p. 118.
[15] DACANAL, José H. op. cit., nota 1, p.273-274.
[16] ROCHE, Jean, op. cit., nota 6, p.188.
[17] Idem, op. cit., p.53-63-390.
[18] BRUM, Argemiro Jacob, Modernização da Agricultura: trigo e soja, Ijuí, Fidene, 1985, p.63.
[19] BRUM, Argemiro Jacob, op. cit., nota 18, p.37.
[20] Entrevista concedida por Luciano e Mathilde Dallabrida ao autor, Ajuricaba, setembro de 1992.
[21] Idem, op. cit., nota 20.
[22] Arquivo Histórico da localidade Linha 29, Ajuricaba, 1989, p.2, na Escola Municipal de  1º Grau Incompleto Brasília.
[23] Idem, op. cit., nota 22.
*Depoimento comprovado pelo túmulo no cemitério da Linha 29.
[24] DACANAL, José H. op. cit., nota 1, p.274.
[25] Entrevista com Luciano Dallabrida, setembro, 1992.
[26] Entrevista com Mathilde Dallabrida, setembro,1992.
[27] DACANAL, José H. op. cit., nota 1, p.273-275.
[28] Idem, op. cit., nota 26.
[29] Idem, op. cit., nota 25.
[30] ROCHE, Jean, op. cit., nota 6, p.326.
[31] PINSKY, Jaime, A Escravidão no Brasil, São Paulo, Global, 1982, p.21 (Coleção História Popular nº 4)
[32] PINSKY, Jaime, op. cit., nota 31, p.23.
[33] Arquivo Histórico da localidade Linha 29, Ajuricaba, op. cit., nota 22, p.3.
[34] Idem, op. cit., nota 25.
[35] Idem, op. cit., nota 25.
[36] Idem, op. cit., nota 25.
[37] Idem, op. cit., nota 25.
[38] BRUM, Argemiro Jacob, Cotrijornal, outubro de 1990, p. 14.
[39] Idem, op. cit., nota 22.
[40] DACANAL, José H. op. cit., nota 1, p.275.
[41] Entrevista com J. M. A.
[42] Idem, op. cit., nota 41.
[43] PACHECO, Eliezer, Colonização e Racismo, Arte Nova/Fidene, 1976, p.36-37.
[44] Idem, op. cit., nota 25.
[45] FERNANDES, Florestan, O negro no Mundo dos Brancos, São Paulo, Difusão Europeia do livro, 1976, p.87-88. Citado em. PACHECO, Eliezer, p.41.
[46] PACHECO, Eliezer, op. cit., nota 43, p.41-43.
[47] IANINI, Octávio, Raças e Classes Sociais  no Brasil, 2ª ed. Rio de janeiro, Civilização Brasileira, 1972, p.226. citado por PACHECO, Eliezer, op. Cit., nota 43, p.39.
[48] PACHECO, Eliezer, op. cit., nota 43, p.43
[49] PINSKY, Jaime, op. cit., nota 31, p.25.
[50] Idem, op. cit., p.28.
[51] BRUM, Argemiro Jacob, Por que o Brasil foi ao fundo, Petrópolis, Vozes, 1984, p.80. (série Fidene).